quinta-feira, 25 de abril de 2013

Os estaduais deveriam virar copas


Hoje, em minha coluna, vou dialogar e debater com meu amigo pessoal e comentarista do programa Esporte na Rede, Alexandre Aníbal, sobre sua publicação neste blog, na última terça-feira. Aníbal defende que os estaduais não sejam extintos e sim reformulados.

Não sou radical e vou tentar expor aqui meu raciocínio da maneira mais clara possível. A média de público do Campeonato Paulista, o mais bem organizado (não com a melhor fórmula) estadual do país é de pífios 5.722 espectadores (número da primeira fase). O que prova que, no Brasil, os torneios regionais são péssimos para os grandes clubes. Servem apenas a times que não têm grande projeção nacional e que conseguem levar público aos estádios, como mostrou a Copa do Nordeste.

Não defendo a extinção dos estaduais, mas sim mudança em seus participantes. Numa posição mais dura, acredito que esse tipo de competição deveria ser disputada apenas por clubes que não integram nenhuma série do Campeonato Brasileiro.

Raciocine comigo, amigo leitor. Este ano, o Brasileirão terminará na segunda semana de dezembro. Por lei, todos os trabalhadores têm direito a 30 dias de férias por ano. Se isso for cumprido à risca, os jogadores voltariam a treinar na terceira semana de janeiro de 2014. O Paulistão, por exemplo, começa justamente na terceira semana de janeiro (para atender grade de programação da TV - leia-se, Rede Globo).

Ou seja, os jogadores medalhões e titulares não teriam tempo sequer para treinar. Para um jogador que volta das férias entrar em forma, é necessário, pelo menos (no mínimo!!!) um mês só de exames, alimentação adequada e treinamentos.

Assim, os estaduais tornam-se gigantes elefantes brancos para os clubes tradicionais, que os utilizam como laboratórios para testar jogadores, técnicos e esquemas táticos. Muitas vezes, quando um grande clube vai ao interior, em vez de levar os craques como grande atrativo para os torcedores, leva uma equipe reserva. Por isso, uma média de público tão pífia.

Isso sem falar quando algum clube disputa a Pré-Libertadores e relega o estadual ao milionésimo plano de importância para o ano. Hoje, ganhar estadual é como beijar mulher feia na balada. Você ganha um título, mas não vale de nada. Nem dá pra tirar sarro da cara dos amigos que torcem para o rival. Hoje, o Paulistão é visto como paulistinha. Os próprios torcedores não comemoram conquistas estaduais.

Num mundo perfeito, os clubes envolvidos em quaquer série do Brasileirão, para mim, deveriam disputar apenas o nacional, que deveria ser reformulado, com datas mais esparsadas (para poder parar quando houver data Fifa ou jogos da Seleção) e durar o ano inteiro, mantendo todos estes clubes que o disputam em atividade. São 100 clubes no total: 20 nas séries A, B e C e 40 na série D.

Porém, a CBF não faz Brasileirões com turno e returno em todas as séries com a desculpa de não ter dinheiro para organizar isso. Assim, regionaliza grupos e fim de papo. A verdade é que os dirigentes da CBF deveriam deixar de encher os próprios bolsos e canalizar os recursos para todas as séries do campeonato nacional. Mas, pelo visto, a CBF só pensa em arrecadar mais e mais com amistosos caça-níqueis da Seleção enquanto relega os nacionais às moscas.

Se estes clubes a que me referi disputassem somente o nacional, os estaduais continuariam existindo, porém para os outros times. Dessa forma, os estaduais poderiam ser até mais longos, com mais equipes, pois não interfeririam no calendário nacional já que os clubes disputariam competições diferentes.

Mas, a realidade é dura, amigo. E como sei que essa utopia jamais vai acontecer, defendo outra fórmula para os regionais. Vinte e três datas para os estaduais é algo muito inviável. Sugiro que tais torneios virem copas.

O Paulista poderia ter 24 clubes, divididos em 6 grupos com 4 times em cada. Jogariam em turno e returno dentro dos grupos (6 jogos). Os 2 melhores de cada grupo avançariam à próxima fase e mais 4 terceiros lugares por índice técnico (16 equipes). Aí teríamos oitavas-de-final, quartas, semi e final em ida e volta (total de 14 datas, 9 a menos que no Paulistão atual, o que representa um mês e meio a menos de jogos). Os 8 times que sobraram na primeira fase fariam um octogonal para decidir os rebaixados em turno único (7 datas, total de 13 jogos disputados por estas equipes).

Uma fórmula justa, mais simples e compacta, mais condizente com a realidade atual do calendário do futebol brasileiro. O que acharam, amigos leitores e senhor Aníbal? Essa é minha proposta. Um forte abraço.

Leandro Martins

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