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Hoje, às 14h, o Santos Futebol Clube completou 100 anos. Quanto tempo, não? Naquele dia 14 de abril do ano de 1912 na sede do Clube Concórdia, em uma reunião que começou às 14h, alguns rapazes resolveram fundar um novo time de futebol na cidade. Cidade que tinha sua importância por conta de seu porto. Por ali, escoava o café brasileiro que impulsionava nossa economia.
Próximo das águas temperadas do Atlântico, nascia um titã.
Algumas horas mais tarde, quase meia-noite daquele mesmo dia, ao norte do Atlântico, agora com águas geladas, o espetacular Titanic encontrava seu terrível fim.
Morria um titã.
Nas palavras do grande José Roberto Torero: "O mundo não poderia comportar dois gigantes".
Esse tipo de abordagem, com traços de epopéia sobre o Santos, parece realmente fazer parte de sua longa vida. Cada clube, como bem disse meu irmão, tem uma característica, algo que torna fácil sua identificação.
Uns são lembrados por conta da torcida, pela raça, pela colônia que ajudou na sua fundação, etc. O Santos, acredito, ficou marcado pelo futebol vistoso e altamente ofensivo e por uma mitologia criada especialmente por conta de Pelé, é claro. Mas, o Santos quando visto 'apenas' como o time de Pelé mostra a pouca informação que muitos tem ou não se importam em ter. Um time de futebol tem 11 jogadores. Você pode ter um craque (e o Santos teve vários nestes 100 anos), mas o tal craque não jogou sozinho.
Uma das maiores tolices que já ouvi é a de que qualquer um jogaria no time dos anos 60. Mentira! Para jogar ao lado de um fora de série, de um excelente ou ótimo jogador tem que ser no mínimo, muito bom. Nem regular, nem mais ou menos, nem bom e muito menos bonzinho. Repito: tem que ser NO MÍNIMO muito bom. E assim foi no fim dos anos 50 e durante toda a década de 60.
Quando se fala da história do Santos, divide-se em três partes: Era pré-Pelé, Era Pelé e Era pós-Pelé. Divide-se de uma forma respeitosa, quase clerical. Façamos um rápido resumo:
Nos anos 10 havia Arnaldo Silveira, primeiro a marcar um gol pelo Santos e capitão da Seleção Brasileira em seu primeiro título, o sul-americano (hoje Copa América) de 1919.
Foi assim nos 20 e 30 com Araken, que fez parte do incrível ataque dos 100 gols (100 gols em 16 jogos) em 1927 e também do time que levantou o primeiro título Paulista do clube em 1935.
Nos anos 40, o time não ganhou nada, mas tinha um habilidoso meia, Antoninho, o 'Arquiteto da Bola'. Porém, além de trabalho e talento, a sorte precisa estar sorrindo para você. Naquela década, ela afastou-se do Santos. Faria isso novamente em mais 40 ou 50 anos mais tarde.
Vamos pular os anos 60, certo?
Nos anos 70 surgiu a primeira geração dos Meninos da Vila, com o craque Pita.
No início dos 80 chegou Serginho Chulapa. Veio do Morumbi para ser imortal na Vila, num time que destoa um pouco da característica santista: era mais força e vontade do que habilidade. E isso não é uma crítica. Esse time, do lendário Rodolfo Rodriguez, de Márcio 'Malvado', Dema, deixou saudades.
Então chegou a época já citada em que a sorte mais ma vez afastou-se da Vila. Mesmo assim, bons times foram formados. Da metade dos anos 80 até matade dos 90, a Vila Belmiro ficou à margem dos rivias. Bons nomes apareceram por lá: Mendonça, Júnior, Paulinho, Guga, Sérgio Guedes.
E até mesmo grandes jogadores que torciam pelo Santos quando criança, alguns até hoje, ou simplesmente tinham admiração pelo 'time de Pelé' passaram por lá nessa época: Sócrates, Hugo De Léon, Careca, Muller. Ainda assim, títulos não vieram.
Na segunda metade dos anos 90, parecia que as coisas começariam a melhorar. Mais uma vez, um craque vestia a mítica 10: Giovanni. Mas, ainda não foi dessa vez. Em 1995 o time praiano foi à final do Brasileirão contra o Botafogo, seu grande adversário nos anos 60. Só que dessa vez, não foi o time carioca o algoz do time paulista. Foi, sim, um árbitro mineiro: Márcio Rezende de Freitas.
Na sequência, um grande goleador do rival alvinegro paulistano deu o ar da graça na Baixada e conquistou a torcida com seus gols e grande carisma. Viola foi campeão do Rio-São Paulo de 1997 e da Copa Conmebol, de 1998. Mas, para os torcedores adversários e boa parte da imprensa, o Santos continuava na fila.
Chegam os aos 2000 e um novo século apresenta-se para a humanidade. E junto disso, um recomeço ao time da Vila. Novamente, das categorias de base do time, surge um menino negro que causa grande expectativa em todos. Robinho, ao lado de Diego, em 2002, finalmente liberta o Santos de seu calvário. Em todos os sentidos.
Os anos seguintes são bons: vice da Libertadores, outro Brasileiro, dois paulistas (p minúsculo mesmo). Em 2009 um outro vice, dessa vez do paulista. Só que no time que não venceu, havia um rapaz trazido por Giovanni que diziam ser tão quanto o próprio. E um outro, negro como Pelé e Robinho que era uma promessa guardada a sete chaves nas bases do time que havia sido liberada naquele ano. Eram Ganso e Neymar.
Ganso e principalmente Neymar tornaram-se os homens da vez nessa história mágica, cheia de drama, alegria, tristeza e muitas reviravoltas. Com eles, vieram mais dois paulistas, uma Copa do Brasil e uma Libertadores e um vice Mundial.
Em todas as épocas, o Santos teve jogadores que faziam a diferença, mesmo na época das vacas magras, mas estes homens nada conseguiriam sem jogadores que estivessem a sua altura.
A História é escrita por homens e não por um homem.
Muito já foi dito dessa importante data. O que eu gostaria de dizer é que não importa para qual time você torça. Se você realmente gosta de futebol, você ficou contente com este aniversário do Peixe. Pois, quando amamos o esporte, o futebol, ficamos tranquilos por vermos que mais um time importante e competitivo chegou ao seu centenário. Foi assim com Vasco, Flamengo, Ponte Preta, Guarani, Corinthians, Coritiba...
Para você que torce para o Santos, meus parabéns. A festa é sua! Para você que torce para outro time, não precisa comemorar pelas ruas. Pegaria mal! Mas, você sabe. Com mais este centenário, o futebol brasileiro estará em alto nível (como diria Wanderley Luxemburgo). Tomara que por pelo menos, mais cem anos.
Um grande abraço!