segunda-feira, 27 de maio de 2013

Fair Play Financeiro


Nos últimos anos foram perceptíveis as mudanças nos cenários econômicos dos clubes de futebol. Enquanto a crise europeia arrasta em uma onda negativa diversos times tradicionais para o buraco negro das dívidas, outros com saídas alternativas ou mesmo por tradição conseguem se manter nos campeonatos, mesmo com aparências de quase pedir falência.

Ocorrendo tal fato com clubes gregos, espanhóis, portugueses, franceses entre outros. E no Brasil mesmo com um cenário muito diferente, mas já muito castigado pela realidade hoje vivida na Europa, ainda há clubes que herdaram as tradicionais dívidas entregues de gestão para gestão. Tal formato parece ainda incluído no DNA dos clubes brasileiros, como Palmeiras, Flamengo, Vasco, Botafogo, etc.

Amigo leitor, iniciei o texto citando a crise europeia e dívidas nos clubes do Brasil porque um fato me chamou a atenção na Espanha. O clube Málaga foi punido em dezembro de 2012, pela UEFA (comissão que organiza o futebol europeu de clubes), a pagar 300 mil euros de multa até março desse ano. Mas a pena mais dura aplicada foi exclusão automática do clube da Liga dos Campeões e Liga Europa, em 2013/2014 – independente de resultado classificatório, pelo motivo do clube não arcar com as responsabilidades de pagar os salários dos jogadores, além de impostos, incluído nos salários e no patrimônio do clube.
 
E a pena se estenderia por mais duas temporadas 2014/2015 se o clube não arcasse com os débitos até março de 2013, visto que essa pena também já foi aplicada a outros clubes como: Dínamo Bucareste, Rapid Bucareste, Partizan Belgrado, Hadjuk Split e Osijek.

O Málaga, quarto classificado na liga espanhola, participou da última Liga dos Campões eliminando o Porto das oitavas-de-final e perdendo a classificação para o finalista Borussia Dortmund.

Ao fim de todo o processo, o clube espanhol conseguiu dentro do prazo e de forma comprobatória pagar as dívidas, referente a atrasos de salários e impostos, e consequentemente a UEFA liberou o clube de participar de torneios continentais na temporada 2014/1015. E dias depois a organizadora que rege o futebol europeu liberou o Málaga a participar em uma das ligas já na próxima temporada.

E apenas detalhando o fato, a UEFA liberou o time espanhol para essa próxima temporada, pelo fato do clube ter sido comprado por um milionário do Qtar que apelou para o Tribunal Arbitral de Desporto, provando condições reais de arcar com as responsabilidades financeiras e dessa forma cumprindo com o Fair Play Financeiro.

E se essa moda pegasse aqui na América do Sul, a tão poderosa Conmebol agisse de forma semelhante à UEFA, a Libertadores e a Sul-Americana teriam com certeza poucos clubes participantes no torneio. Como no Brasil, clubes argentinos e colombianos vivem o drama do tal Fair Play Financeiro. Será que uma saída seria optarem pela detenção de serem comprados pelos “ricos árabes”?

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