Antes de mais nada, quero deixar um abraço a todos os companheiros do Esporte na Rede e principalmente a você, caro "teleinternauta". Nesse espaço, vamos discutir os principais assuntos do esporte no Brasil e no mundo. E também compartilhar algumas histórias e curiosidades sobre todos os esportes.
Temporariamente "aposentada", a camisa vermelha foi por algum tempo o segundo uniforme do Uruguai. Esse uniforme, como todos sabem, nada tem a ver com as cores da bandeira uruguaia e não faz menção à bandeira de Artigas, libertador do país, que tem uma faixa transversal vermelha.

Dois anos depois da final da Copa, uruguaios e argentinos marcaram um par de amistosos beneficentes. Para esquecer todo o clima de inimizade, a Associação Uruguaia de Futebol resolveu mudar a cor da camisa para apagar todo o histórico de desentendimentos com os argentinos. A Associação de Futebol Argentino aceitou de bom grado a ideia e passou a usar uma camisa inteira branca, ao invés da tradicional azul e branca.
Em 1935, o Campeonato Sul-Americano foi realizado no Peru no mês de janeiro. Depois de seis anos finalmente o campeonato pôde ser organizado com quatro seleções participantes: Argentina, Chile, Peru e Uruguai. Esse campeonato ficou conhecido como “Sul-Americano de Santa Beatriz”. Santa Beatriz era o nome do bairro onde ficava localizado o Estádio Nacional de Lima. Seria disputado num sistema de todos-contra-todos e ao final a seleção que somasse mais pontos seria a campeã.
Esse campeonato marcou a despedida da brilhante geração de jogadores que conquistou dois campeonatos sul-americanos (1924 e 1926), duas medalhas de ouro olímpicas (1924 e 1928) e um Campeonato Mundial de Futebol (1930), a “Geração Olímpica”. Jogadores como o goleiro Enrique Ballestrero, o zagueiro “Capitão dos Capitães” José Nasazzi e o atacante Héctor “Manco” Castro dariam lugar a outros bons valores como Héctor Machiavello e Aníbal Ciocca, que mais tarde seria um dos maiores ídolos do Nacional. Assim como os amistosos disputados em 1932, o Uruguai jogaria as três partidas do torneio usando a camisa vermelha.
No primeiro jogo, disputado no dia 13, o Uruguai entrou em campo contra os donos da casa. Quase 30 mil peruanos foram ao estádio para ajudar a seleção local a tentar se vingar da derrota sofrida no Mundial (na ocasião, o Uruguai venceu por 1 a 0). Porém a ajuda não valeu muita coisa: o Uruguai venceu novamente por 1 a 0, gol de “Manco” Castro, aos 35 minutos do segundo tempo. Uma semana antes, a Argentina, que lutava pelo tri-campeonato, goleou o Chile por 4 a 1.
No segundo jogo, disputado no dia 18, a “Celeste” entrou em campo contra o Chile, que veio precisando da vitória para não se despedir prematuramente do torneio. Quase 15 mil pessoas viram o Uruguai sair na frente com um gol de Ciocca. Logo no início do segundo tempo os chilenos empataram. No entanto, um minuto depois Ciocca novamente marcou, determinando a segunda vitória uruguaia na competição.
Dois dias depois, a Argentina, frente a cerca de 21 mil pessoas, aplicou outra goleada, dessa vez contra os donos da casa: 4 a 1. A Argentina, assim como o Uruguai, somava 4 pontos no torneio enquanto chilenos e peruanos ainda não haviam pontuado.
No dia 26, os eliminados Peru e Chile entraram em campo para decidir quem ficaria com o terceiro lugar do torneio. Frente a cerca de 12 mil pessoas, a seleção local venceu por 1 a 0, gol de Montellanos.
No dia seguinte, estava marcada a “Final” do torneio entre argentinos e uruguaios. Pelo futebol vistoso mostrado nos dois jogos, a Argentina era considerada franca favorita ao título, já que contava com jogadores completamente diferentes daqueles que disputaram a final da Copa de 1930. Além disso, era óbvio que os argentinos queriam devolver as derrotas sofridas nas Olimpíadas e no Mundial.
30 mil espectadores viram o Uruguai passear ainda no primeiro tempo: em pouco menos de vinte minutos, “Manco” Castro, Taboada e Ciocca fizeram 3 a 0 para a “Celeste” e liquidaram o jogo. Aos argentinos restou aprender um pouco com a classe de Nasazzi e Castro e aguardar pelo término da partida.
No dia seguinte, a imprensa uruguaia exaltou a técnica e a raça do time, cunhando um termo que até os dias de hoje é utilizado: “Garra Charrúa”. Como forma de lembrar dos feitos daquela geração, no ano de 1991 a Associação Uruguaia de Futebol formalizou a adoção do segundo uniforme da seleção uruguaia com a camisa vermelha.
Um abraço e até a próxima!
Facebook: Alexandre Anibal
Twitter: @alexandreanibal
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