quinta-feira, 24 de novembro de 2011

As camisas vermelhas do Uruguai


Antes de mais nada, quero deixar um abraço a todos os companheiros do Esporte na Rede e principalmente a você, caro "teleinternauta". Nesse espaço, vamos discutir os principais assuntos do esporte no Brasil e no mundo. E também compartilhar algumas histórias e curiosidades sobre todos os esportes.

Temporariamente "aposentada", a camisa vermelha foi por algum tempo o segundo uniforme do Uruguai. Esse uniforme, como todos sabem, nada tem a ver com as cores da bandeira uruguaia e não faz menção à bandeira de Artigas, libertador do país, que tem uma faixa transversal vermelha.

Para entendermos o porquê de o Uruguai ter utilizado a camisa vermelha, devemos voltar ao ano de 1932. Depois da Copa de 1930, as relações entre as duas federações estava muito estremecida pelo clima de guerra preparado pelos uruguaios na Final, da “freguesia” da Argentina (perdeu além da Copa de 1930 a final olímpica de 1928) e atédo uso da bola na final da Copa, já que os argentinos queriam jogar com a bola fabricada na Argentina e os uruguaios queriam jogar com a bola fabricada no Uruguai.

Dois anos depois da final da Copa, uruguaios e argentinos marcaram um par de amistosos beneficentes. Para esquecer todo o clima de inimizade, a Associação Uruguaia de Futebol resolveu mudar a cor da camisa para apagar todo o histórico de desentendimentos com os argentinos. A Associação de Futebol Argentino aceitou de bom grado a ideia e passou a usar uma camisa inteira branca, ao invés da tradicional azul e branca.

Em 1935, o Campeonato Sul-Americano foi realizado no Peru no mês de janeiro. Depois de seis anos finalmente o campeonato pôde ser organizado com quatro seleções participantes: Argentina, Chile, Peru e Uruguai. Esse campeonato ficou conhecido como “Sul-Americano de Santa Beatriz”. Santa Beatriz era o nome do bairro onde ficava localizado o Estádio Nacional de Lima. Seria disputado num sistema de todos-contra-todos e ao final a seleção que somasse mais pontos seria a campeã.

Esse campeonato marcou a despedida da brilhante geração de jogadores que conquistou dois campeonatos sul-americanos (1924 e 1926), duas medalhas de ouro olímpicas (1924 e 1928) e um Campeonato Mundial de Futebol (1930), a “Geração Olímpica”. Jogadores como o goleiro Enrique Ballestrero, o zagueiro “Capitão dos Capitães” José Nasazzi e o atacante Héctor “Manco” Castro dariam lugar a outros bons valores como Héctor Machiavello e Aníbal Ciocca, que mais tarde seria um dos maiores ídolos do Nacional. Assim como os amistosos disputados em 1932, o Uruguai jogaria as três partidas do torneio usando a camisa vermelha.

No primeiro jogo, disputado no dia 13, o Uruguai entrou em campo contra os donos da casa. Quase 30 mil peruanos foram ao estádio para ajudar a seleção local a tentar se vingar da derrota sofrida no Mundial (na ocasião, o Uruguai venceu por 1 a 0). Porém a ajuda não valeu muita coisa: o Uruguai venceu novamente por 1 a 0, gol de “Manco” Castro, aos 35 minutos do segundo tempo. Uma semana antes, a Argentina, que lutava pelo tri-campeonato, goleou o Chile por 4 a 1.
No segundo jogo, disputado no dia 18, a “Celeste” entrou em campo contra o Chile, que veio precisando da vitória para não se despedir prematuramente do torneio. Quase 15 mil pessoas viram o Uruguai sair na frente com um gol de Ciocca. Logo no início do segundo tempo os chilenos empataram. No entanto, um minuto depois Ciocca novamente marcou, determinando a segunda vitória uruguaia na competição.

Dois dias depois, a Argentina, frente a cerca de 21 mil pessoas, aplicou outra goleada, dessa vez contra os donos da casa: 4 a 1. A Argentina, assim como o Uruguai, somava 4 pontos no torneio enquanto chilenos e peruanos ainda não haviam pontuado.

No dia 26, os eliminados Peru e Chile entraram em campo para decidir quem ficaria com o terceiro lugar do torneio. Frente a cerca de 12 mil pessoas, a seleção local venceu por 1 a 0, gol de Montellanos.

No dia seguinte, estava marcada a “Final” do torneio entre argentinos e uruguaios. Pelo futebol vistoso mostrado nos dois jogos, a Argentina era considerada franca favorita ao título, já que contava com jogadores completamente diferentes daqueles que disputaram a final da Copa de 1930. Além disso, era óbvio que os argentinos queriam devolver as derrotas sofridas nas Olimpíadas e no Mundial.

30 mil espectadores viram o Uruguai passear ainda no primeiro tempo: em pouco menos de vinte minutos, “Manco” Castro, Taboada e Ciocca fizeram 3 a 0 para a “Celeste” e liquidaram o jogo. Aos argentinos restou aprender um pouco com a classe de Nasazzi e Castro e aguardar pelo término da partida.

No dia seguinte, a imprensa uruguaia exaltou a técnica e a raça do time, cunhando um termo que até os dias de hoje é utilizado: “Garra Charrúa”. Como forma de lembrar dos feitos daquela geração, no ano de 1991 a Associação Uruguaia de Futebol formalizou a adoção do segundo uniforme da seleção uruguaia com a camisa vermelha.

Um abraço e até a próxima!

Facebook: Alexandre Anibal
Twitter: @alexandreanibal

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