quinta-feira, 2 de maio de 2013

Felipão: ultrapassado sim!



Agora que você, amigo leitor, já se deleitou durante o dia com a coluna da nossa Acidez da Bola, Bruno Gonçalves, é hora de eu expor aqui minha posição sobre o técnico da Seleção Brasileira, Luiz Felipe Scolari.

Antes de qualquer coisa, é importante deixar bem claro que todo profissional, independentemente da área em que atue, deve se atualizar e se reciclar com o passar dos anos. Há profissões que exigem atualizações constantes e diárias, como jornalismo, engenharia, pedagogia, só para citar alguns exemplos.

Em outras profissões, a atualização pode ser feita com mais tempo, como as acadêmicas que envolvem estudos e pesquisas. Porém, repito que, no duro e acirrado mercado de trabalho dos tempos modernos, todos os profissionais devem se atualizar.

Isso cabe, obviamente, também aos profissionais do futebol. Esporte de alto rendimento e dinâmico, o jogo que Charles Miller trouxe ao Brasil envolve negócios de bilhões e bilhões de dólares todos os anos. Por isso, a reciclagem dos profissionais deve ser rápida e constante.

Meu caro Bruno e amigo leitor deste blog. O currículo e os resultados de Felipão durante sua carreira como treinador são inquestionáveis, fato. Ele é um profissional extremamente vencedor e sempre incutiu em seus comandados o espírito de raça e de luta dentro de campo.

Porém, ele parou no tempo. Depois de vencer a Copa do Mundo em 2002, o que mais Felipão ganhou, além desta Copa do Brasil de 2012 com o Palmeiras, time que ajudou intensamente a ser rebaixado para a Série B do Brasileirão? Ponderemos. O adversário mais forte que o Alviverde enfrentou na Copa do Brasil do ano passado foi o Grêmio, então em formação.

Pegou Coruripe-AL, Horizonte-CE, Paraná, Atlético-PR e Coritiba. Não enfrentou nenhum grande clássico regional com Santos, Corinthians ou São Paulo (que caiu nas semifinais diante do Coxa). Verdade seja dita, os amistosos da Seleção não são importantes para avaliar o trabalho de Scolari. Não é isso que questiono.

O que questiono é que Felipão foi chamado para a Seleção para ser o escudo de José Maria Marin e segurar o rojão. Ninguém que derruba um time para a Série B é credenciado a assumir a Seleção Nacional de qualquer país. Felipão ainda acha que devemos jogar com o mesmo esquema tático de dez anos atrás, com volantes marcadores, atacantes fixos e que marcam pouco.

Não quero trazer para o Brasil a filosofia europeia, uma vez que são escolas completamente diferentes. Mas veja bem. Há mais de 20 anos, a maioria dos times europeus passou a jogar no 3-5-2 e este esquema foi muito copiado por técnicos brasileiros. Até mesmo o Felipão chegou a escalar o Brasil no 3-5-2 na Copa de 2002.

Hoje futebol não é mais assim. Os volantes atuais são meias de ligação. "Ligação" significa dizer que são elos para fazer o jogo fluir com qualidade entre meio-campo e ataque. Sabem passar, sabem chutar. Os meias mais avançados são meias de criação. E os atacantes são mais móveis, menos centroavantes e mais flutuantes, justamente para confundir a marcação adversária. E TODOS, eu disse TODOS, quando estão sem a bola, se doam para ajudar a roubá-la dos pés do rival.

A Seleção de Felipão é engessada. Mano Menezes, apesar de ter perdido duas competições como você disse, meu caro Bruno, deveria ter continuado até o final da Copa e concluído seu ciclo. Seria muito melhor do que começar um trabalho do zero. Eram dois anos de trabalho em andamento. Mano já havia feito muita besteira e corrigido muitas também. Fez testes e por isso perdeu as competições. Mas, admitamos, já havia encontrado uma espinha dorsal e melhorado bem o futebol do time, num esquema mais moderno e movimentado.

A demissão de Mano (por questões políticas ou não) causou a interrupção do trabalho e recuamos, demos um passo atrás taticamente quando Felipão assumiu. Scolari tem pouco mais de um ano só para deixar o time tinindo ou para encontrar um esquema que preste.

Mas ele ainda vive na era do futebol antigo. Qualquer técnico que assumisse a Seleção não teria tempo para treinar o time, é verdade. Por isso mesmo, deveria ser um técnico moderno, já sincronizado com o futebol europeu, uma vez que a maioria dos jogadores da Seleção atua na Europa. É apenas uma questão lógica.

Se o Brasil vai ganhar a Copa ou não, ninguém sabe (eu acredito que não). Pode até ganhar, mesmo com Felipão. Mas isso não vai mudar o conceito que tenho dele, de técnico vencedor sim, porém ultrapassado. E estou muito à vontade para falar dele, pois sempre fui defensor de seus métodos. Enquanto eles eram atuais, é claro. Um forte abraço.

Leandro Martins

Nenhum comentário:

Postar um comentário