terça-feira, 16 de julho de 2013

Uma final com sabor de revanche


Por Alexandre Aníbal

Nesta quarta-feira Atlético-MG e Olimpia começam a disputa da final da 54ª Copa Libertadores da América. De um lado, um clube que há algum tempo não conquista um título de expressão. De outro, um clube acostumado com conquistas no nível nacional e internacional. Em comum, além das cores, há uma torcida apaixonada.

O Atlético chega à final amparado pelo ótimo futebol e pela sua ótima campanha da primeira fase. A equipe de Cuca foi a melhor de todas as classificadas e por isso conquistou o direito de decidir todas as partidas do "mata-mata" da Libertadores em casa. Tal fato não necessariamente é uma vantagem, visto que nenhum time de melhor campanha na primeira fase se sagrou campeão do torneio. No entanto, o “Galo” poderá fazer história também nesse sentido. Além disso, o time vive uma boa fase desde o ano passado. Com jogadores renomados como Ronaldinho Gaúcho, Réver e Victor e com revelações como Bernard, a equipe de Belo Horizonte se reforçou consideravelmente para a disputa da Libertadores. Com a chegada de Diego Tardelli, Josué e Gilberto Silva, o Atlético se tornou um dos favoritos para a conquista do título inédito.

Já o Olimpia vem para a final em situação oposta a do time brasileiro. Com salários atrasados durante boa parte do torneio, renúncia de presidente e eleições convocadas às pressas, os paraguaios se superaram. Depois de eliminar o Defensor, do Uruguai, na fase preliminar, o time de Assunção somou 13 pontos em seis jogos - quatro vitórias, um empate e uma derrota - e liderou o grupo 7, a frente de fortes concorrentes como o Newell’s Old Boys, da Argentina, e o outrora badalado Universidad de Chile. Com 39 títulos nacionais, três Libertadores (1979, 1990 e 2002) e um Mundial Interclubes (1990), o “Decano” é comandado pelo uruguaio naturalizado paraguaio Ever Hugo Almeida, que foi goleiro da equipe por 18 anos e foi o capitão das conquistas do time em 1990. Trata-se de um grande ídolo que, sem sombra de dúvidas, teve sua parcela na chegada do Olimpia até aqui.

O time paraguaio se destaca pelo excelente nível do meio-campo e do ataque, que é um dos melhores da Libertadores. Fredy Bareiro, que quase ficou de fora da final da Libertadores porque seu contrato venceu no último dia 10, é um dos vice-artilheiros da competição, com 5 gols. Na armação das jogadas, destacam-se o uruguaio Juan Manuel Salgueiro e Richard Ortíz. Com passagem por vários clubes argentinos, Salgueiro também tem bom aproveitamento em cobranças de falta. Além deles, vale mencionar outros dois jogadores do time titular: o volante Eduardo Aranda, que além de combater muito bem sabe sair para o jogo e o zagueiro Julio Manzur. Aos 32 anos, o zagueiro já atuou na Argentina, no México e no Brasil, onde jogou no Santos em 2006.

O que poucos sabem é que Atlético e Olimpia já decidiram um torneio internacional. Em 1992, a Conmebol decidira criar um torneio nos mesmos moldes da Copa da UEFA (atual Liga Europa). As equipes que a disputariam geralmente seriam aquelas que ficaram logo atrás dos classificados à Copa Libertadores nos torneios locais. Com isso, a Copa Conmebol foi estabelecida e já no primeiro ano colocou brasileiros e paraguaios frente a frente na final. Vale lembrar que o Olimpia ainda contava com a base do time que fora campeão mundial em 1990. Depois de eliminar Fluminense, Junior de Barranquilla e o El Nacional do Equador, o “Galo” recebeu o Olimpia no Mineirão e venceu a primeira partida da decisão por 2 a 0.

Um clima de guerra foi criado para a partida da volta. No começo daquele ano de 1992, houve o torneio pré-olímpico de futebol no Paraguai. Em um jogo da seleção brasileira no estádio Defensores del Chaco, o jogador Elivelton foi atingido na cabeça por uma pedra. Intimidada pela violência e jogando mal, nossa seleção não se classificou para os Jogos Olímpicos, em Barcelona, daquele ano. No entanto, os jogadores do Atlético não deram muita atenção ao foguetório da torcida paraguaia no hotel e no estádio Manuel Ferreira, ainda mais acanhado que o Defensores del Chaco. Jogando de forma valente, o Atlético conseguiu segurar a pressão e perdeu por 1 a 0. Com isso, a equipe comandada por Procópio Cardoso conquistou seu primeiro título internacional.

Há 21 anos, a torcida do Olimpia aguarda pela revanche. Os torcedores do Atlético Mineiro esperam manter a vantagem e levantar um título inédito em 105 anos de história.

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