segunda-feira, 15 de julho de 2013

Coluna Momento Motor: A fantástica teoria da conspiração no esporte.


Paulo Arnaldo
(De São Paulo)

Amigo do Esporte na Rede! Com uma semana de inatividade na Fórmula 1, vou abordar um tema um pouco diferente, porém o inserindo no contexto da Fórmula 1. Pois bem, ouço por muitas vezes e de muitos amigos, pessoas que acreditam que resultados em determinadas situações foram manipuladas. Que time A entrega para time B numa decisão de título. Que atleta A entrega uma disputa para atleta B. Que os  envolvidos corrompem-se facilmente.

Os ares de conspiração ganham forte conotação quando se trata de alguns episódios famosos em grande destaque no esporte. O final da copa de 98, alguns acreditam,  que a seleção brasileira entregou a copa à França em esquema da Nike. Após a conquista desta Copa das Confederações, os céticos duvidosos da existência do espírito de competitividade creram que a seleção da Espanha entregou o jogo ao Brasil. Que o título da Copa das Confederações teria sido “arrumado” para dar um sossega leão na sociedade brasileira que estava diariamente às ruas cobrando melhores condições de transporte, saúde e educação no nosso país. Saindo do futebol, a última que ouvi na semana passada foi de Anderson Silva que supostamente teria entregado a luta ao Chris Weidman.  Bobagens? Acho que sim!

Pontuando essas ocasiões, na Copa de 98 o problema de convulsão com o Ronaldo horas antes da partida desestabilizou  jogadores e comissão técnica. Todos focados na decisão e de repente uma situação atípica que mexe psicologicamente com qualquer pessoa próxima daquele evento. Sobre essa Copa das Confederações, o Brasil foi superior a Espanha e pronto! A seleção espanhola, apesar de ainda ser uma seleção maravilhosa e com grandes jogadores, dessa vez não teve o foco necessário para chegar ao título. Na verdade, creio que houve certa ausência de disciplina e também o desgaste que os jogadores sofreram na semifinal da competição, calendário e logística depois. Sobre o Anderson Silva, ex-imbatível no UFC, muito que provavelmente saturou da rotina  extenuante de um esportista que está no topo. Possivelmente, ele relaxou, diminuiu a preparação e o ritmo. Isso é o suficiente para não deixá-lo mais na condição de supremacia.

Faz cinco anos e meio que convivo dentro dos eventos esportivos. Entrevisto atletas, jogadores e técnicos.  Difícil de acreditar que por dinheiro, alguém que é competitivo se entrega na hora “H”.  Existem sim, outros motivos. Saturação é um dos motivos. Relaxamento também é um bom motivo. Evolução da concorrência pode ser acrescentada. Gosto de enfatizar a questão da saturação por que para o atleta que passa muito tempo no topo em meio às muitas conquistas, passa esse mesmo tempo empregando esforço ao limite para manter-se no topo. Não é fácil, mesmo para um atleta com imenso talento!

Porém! Quando me volto a Fórmula 1, vou mergulhar numa tremenda contradição, agora! Especialmente depois, da notícia publicada pelo colunista da Folha de São Paulo Fábio Seixas *, na semana passada, de contratos que Ayrton Senna e Nelson Piquet tiveram com a Lotus, no final da década de 80, com privilégios contratuais.  Deixando claro, que apesar de excepcionais pilotos da época, desfrutavam de uma estrutura melhor e eram protegidos dos respectivos companheiros de equipe.

No lado inverso e venenoso sofreu Rubens Barrichello descredenciado à vencer, diante de Schumacher e atualmente sofre Felipe Massa impotente por cláusula contratual em relação ao Alonso. Claro que não tive acesso ao contrato da Ferrari, mas imagina-se que tais termos e regimes de condutas devem existir.  Não só na Ferrari ou na Lotus da década de 80. Creio que quase todas as equipes da Fórmula 1 seguem essa diretriz. No espaço que a distância do vencedor e do primeiro perdedor é medido por  milésimos de segundos, alcançar o sucesso da vitória talvez não seja tão simples tendo que oferecer duas estruturas idênticas. Possivelmente, um dos pares de carros é sacrificado.

Felizmente, há exceções e nem tudo está perdido! Parece que a McLaren mantém a filosofia de igualdade contratual aos seus competidores. No histórico, Senna e Prost tinham igualdade e atualmente Button e Pérez idem.  

Fico de certa maneira desapontado com essa situação. A essência do esporte não combina com linhas escritas que definem o destino de cada competidor. Porém o volume da grana envolvida no mundo dos negócios da Fórmula 1 exige-se outra filosofia. Faz sentido que o elemento contrato existe para garantir o resultado esperado. Conforme o planejado. Muito que provavelmente, Schumacher, Alonso, Senna, Piquet e outros vitoriosos da modalidade não precisariam dessa colaboração. Porém essas equipes de Fórmula 1 não curtem a surpresa!

Situações ruins são expostas para que se promovam mudanças! Para que haja novas reflexões! Gostaria muito que essa situação não passasse despercebida. Para haver mudanças, conceitos da Fórmula 1 teriam que ser refeitos. Vejo certa complicação para mudar!

Enfim! Quando você se irritar com Felipe Massa, lembre-se bem desse passado vitorioso!  

Até a próxima!

Esporte na Rede é análise esportiva de qualidade!



* Fábio Seixas, colunista da Folha de São Paulo, por indicação de um leitor, em seu blog no site do jornal "Folha de S.Paulo", encontrou o documento no site Legacy Tobacco Documents Library, um arquivo virtual de documentos relacionados à indústria de cigarros, mantido pela Universidade da Califórnia. Na época, a Lotus foi patrocinada pela Camel, da empresa JR Reynolds.
Links:
http://fabioseixas.blogfolha.uol.com.br/2013/07/10/o-contrato-de-senna-em-1987/:
http://fabioseixas.blogfolha.uol.com.br/2013/07/11/o-contrato-de-piquet-em-1988/

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