São Paulo, 08 de dezembro de 2013
Paulo Arnaldo Lima - colunista do Esporte na Rede
Paulo Arnaldo Lima - colunista do Esporte na Rede
Amigo leitor do Esporte na Rede. Estava
preparado para modificar do meu roteiro habitual sobre automobilismo para o momento
do futebol brasileiro. Porém o fato lamentável do domingo em Joinville obrigou uma
mudança nos planos mais uma vez. Infelizmente, para algo tão negativo.
Na contra mão do clima de Copa do Mundo, que teve o sorteio na última sexta-feira. Nós, espectadores, assistimos o verdadeiro show do horror neste domingo! Joinville foi o estopim de algo que já vinha acontecendo no futebol por algumas vezes durante o ano, mas claramente essa foi a pior cena do ano, junto com aquela da morte do garoto Kevin Beltrán na Bolívia, no fatídico jogo do Corinthians pela Libertadores da América. Por sinal, de lá para cá, foram inúmeros casos de brigas de torcida nas arenas Brasil afora. Morumbi, Mané Garrincha, Mineirão, etc.
Possuo uma vivência de futebol de
quase 6 anos. Praticamente em todos os finais de semana, estou em um ambiente futebolístico.
O clima nas arquibancadas de um estádio
de futebol, não importando a divisão ou a classe social do torcedor é tendenciosamente
ruim. As pessoas vão ao estádio de futebol na disposição de fazer coisas ruins, mesmo que pequenas ações aparentemente inofensivas. A visão da grande
maioria é que o torcedor do time adversário é um inimigo. Por isso, há muito
tempo, as torcidas são obrigadas a ficar separadas. O que, por exemplo, impossibilita
totalmente de um amigo torcedor corintiano assistir um jogo de futebol com um
amigo torcedor palmeirense. Passa batido
o respeito a vida e ao próximo, dentro de um campo de futebol. Essas ações independe da classe social do cidadão. A questão é generalizada. É
bem verdade que deve ser destacado um grupo que vai ao estádio de futebol apenas
para arrumar briga, como esses torcedores que protagonizaram essa cena terrível
em Joinville. Como sempre, ninguém é preso ou punido. Sendo ou não de torcidas
organizadas, essa minoria sempre causa grande estrago e no fim, fica por isso mesmo.
Fora de campo, vivemos um período
de turbulência social. Violência descontrolada e inúmeros exemplos de falta de
respeito a vida e ao próximo no nosso cotidiano. Somente o estado é responsável
pelos problemas de segurança? Em partes sim. Quando criminosos e vândalos não
são punidos. O estado falha ainda mais, há muito tempo, quando não cuidou, ou melhor, não
cuida da formação educacional da sociedade com princípios básicos de respeito
ao próximo. As famílias também falham quando não educam os filhos adequadamente. Muitas vezes, os problemas de violência começam na escola na convivência com os coleguinhas.
Enquanto isso, dentro de campo,
os personagens violentos reincidentes permanecem com acesso livre e irrestrito em
nossas Arenas. O futebol se transformou na grande panela de pressão, a válvula
de escape que concede a liberação para xingar, ofender e até brigar. Somos
incapazes de perceber que o futebol é apenas um momento de lazer. De distração e não
de destruição. Deveria ser um momento de fraternidade, sem considerar as
preferências de cada um.
Ainda sobre a classe mais
violenta do estádio, a impunidade chega a ser irritante e mostra a inoperância
da segurança no nosso país. Resultado de um descaso e falta de eficiência com
um dos nossos pilares tão essenciais junto com a saúde e educação. Amigo do
Esporte na Rede, nós mesmos criamos o monstro. O que só enfatiza que definitivamente
problema está na nossa essência cultural.
Joinville foi mais uma página do
horror. Tristeza! Não adianta pontuar
mais os problemas que ocorreram neste jogo especificamente. São os problemas de sempre. É um tumor
crônico de extrema dificuldade para ser resolvido. Aos 17 minutos do primeiro tempo este jogo de futebol acabou! O resultado final deixou de ser relevante. Pouco
importa quem se classificou e quem foi rebaixado.
Definitivamente, o futebol deste
domingo perdeu a graça!
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