Coluna Momento
Motor: Temperatura vulcânica na Malasia
Dessa
vez, não foi só clima tropical que esquentou o ambiente da Fórmula 1. Brigas
intensas dentro e fora da pista amplificaram a tensão no Paddock. Foi um
Grande Prêmio muito disputado e de preocupação com a resistência dos pneus em
temperatura quente.
Nisso,
o “prato quente” estava servido nos treinos livres de sexta-feira. Notou-se logo que os carros de F-1 eram
máquinas moedoras de borracha. Vettel queixou-se do cardápio oferecido pela
Pirelli nas opções de composto médio e duro. A preocupação foi por degradação severa.
Mark Webber subiu o tom ao mencionar que a influência dos pneus era
superior ao carro como um todo. E a
preocupação de todos era se teria pneus suficientes para cumprir todo o cronograma
do final de semana.
Mas
na Malásia chove e ela apareceu nos treinos de classificação para aliviar o temor. No primeiro
estágio, Q1, a pista se apresentou molhada. Os pneus utilizados foram de composto intermediário. E lá no Q1 ficaram
os quatro da Marussia e Catherham, Valtteri Bottas e Jean- Éric-Vergne. No Q2
nenhuma surpresa. Diferente da Austrália, os dois pilotos da McLaren avançaram
ao Q3. No último estágio, Sebastian Vettel foi o matador de sempre e conquistou
mais uma pole-position. No último instante do treino, ele e Felipe Massa
marcaram os melhores tempos e dividiram a primeira fila do grid de largada.
Alonso sucedeu na terceira colocação e Hamilton inseriu a Mercedes na segunda
fila. Raikkonen largaria de novo na sétima colocação, mas uma punição colocou o
finlandês na décima posição.
A
largada do domingo em Sepang foi muito, muito melhor para Mark Webber. O salto
foi excelente, do quinto ao segundo lugar, considerando o abandono de Alonso na
segunda volta, após o toque com Vettel na curva 1, ainda na primeira volta. Felipe Massa sofreu o revés na largada dessa
vez. Caiu do segundo para o sexto lugar. Raikkonen não foi bem, do décimo caiu
para o décimo segundo lugar. Vettel manteve-se a frente formando esquadrão da
RBR nas posições 1 e 2 e a Mercedes foi o esquadrão sucessor nas posições 3
(Hamilton) e 4 (Rosberg). Até a primeira parada nos boxes, todos calçados com
pneus intermediários, logo a pista secou formando aquele trilho ideal. O
suficiente para todos partirem para os pneus de pista seca, composto médio ou duro,
após a primeira parada.
Assim
como nos treinos, as máquinas moedoras de borracha entraram em ação, não
importando muito a questão do composto. No detalhe da imagem focada em uma das
curvas e a carona na tecnologia do “super slow montion” tornaram possível
observar o processo de dilacera de pneu. Essa situação tornou a corrida
movimentada nos boxes e cheia de pegas, especialmente no pelotão intermediário. Quatro foi o número necessário de paradas nos boxes. Enquanto
isso, lá na frente, na briga dos esquadrões também não foi diferente. Após a
primeira parada, Webber assumiu a primeira posição que era de
Vettel. Houve também um momento, na volta 26, que os quatros primeiros estavam separados
por apenas dois segundos e meio. Pouco depois, começara o que pode ter sido a
faísca de toda a explosão que sucedeu durante a corrida e até depois dela.
Vettel reclamava para equipe via rádio da lentidão de Webber. Vettel ouviu como resposta um “tenha paciência”.
No pelotão intermediário, não era um dia muito favorável a Force India que passou por uma jornada
frustrante na Malásia. Após problemas nas duas paradas de boxes, os dois pilotos
abandonaram melancolicamente na volta 29. A McLaren dava o ar da graça com
Jenson Button liderando a corrida na volta 35. Insuficiente, pois logo depois
perdeu posição para Webber e Hamilton. Depois, ao sair da terceira parada de
boxes, a roda dianteira se soltou do carro e detonou com a corrida do inglês, que abandonou posteriormente. Sergio Pérez terminou apenas na 9ª posição. A
sensação chegou a ser de melhora durante a corrida, mas o
resultado final foi ruim.
A
volta 44 foi tensa no pelotão dos dois esquadrões da frente. Vettel atacou Webber
e a disputa na pista acabou sendo dura demais. O clima dos boxes da RBR
denunciava a situação. Adrian Newey só não arrancou os cabelos por que não os têm.
Na Mercedes não era diferente, Rosberg chegou a ultrapassar Hamilton, que logo conseguiu
dar o troco e reverter a situação. Enquanto isso, Ross Brawn, ainda com fios de
cabelo, era só preocupação. As disputas pela primeira e terceira posições
seguiram até a volta 46. Vettel ultrapassou Webber no fio da navalha! Na Mercedes, Nico Rosberg ouviu um “não” pelo rádio do patrão Ross
Brawn. A discussão sucedeu por voltas depois, como uma resposta atravessada de
Nico Rosberg. Algo do gênero que esse episódio seria lembrado posteriormente. Do
lado da RBR, o vulcão entrou em erupção após a bandeirada final. Webber depois
de ter passado na linha de chegada em segundo lugar, passou triscando no carro
de Vettel, demonstrando toda a raiva do mundo. Depois, na sala de acesso ao
pódio, Webber com cara de poucos amigos e reclamando abertamente da atitude de
Vettel ao Newey. O chefe engenheiro tentou
contornar a situação, mas já era tarde, a crise na RBR estava instaurada. No
pódio ninguém estava sorrindo. Nem Vettel com a vitória, provavelmente a mais tensa da vida dele,
nem Webber que ficou muito bravo com a atitude do companheiro de equipe saindo perdedor
da corrida e nem Hamilton que ficou na maior saia justa após as ordens de Ross
Brawn à Rosberg. Vettel tentou se desculpar pelo episódio durante a entrevista
coletiva pós-corrida. Mas não adiantou muito.
Raio-X
do pós-GP (as polêmicas):
Essa
questão de equipe e pilotos, preferência por um ou por outro, decisões do time
durante a corrida, há tempos, vêm gerando conflitos. Poderia citar uma dezena de
fatos entre pilotos da mesma equipe ao longo da história de F-1.
O ambiente sempre foi e sempre será altamente competitivo. Só que ultimamente, a equipe virou uma corporação, com estrutura,
hierarquia e regulamento próprio. Atualmente,
com o volume de negócios e dinheiro envolvidos, a equipe segue uma tendência de
pré-definir o piloto preferencial para conquista das glórias e o piloto que vai apenas apoiar o time para que essa glória seja alcançada pelo número 1. Pra resumir, o negócio vem
superando a essência do espírito esportivo.
Isolando
os dois casos e começando pela Mercedes. Não achei correta a atitude de Ross
Brawn em proibir o Nico Rosberg de tentar ultrapassar Lewis Hamilton, por mais que existia o risco dos dois baterem ou que recém contratado Hamilton seja o preferido para as glórias no time. Ross Brawn já fez isso no passado, pela
Ferrari. Brawn, tão gênio na estratégia, parece não compreender corretamente esse espírito esportivo. Ele segue outro padrão de lógica, que no
meu ponto de vista, não condiz com a realidade da competição esportiva. Ele visa apenas eficiência. E o detalhe é que Hamilton não precisava disso. É apenas um começo de
campeonato e certamente foi uma medida extremamente desnecessária. Dentro da equipe, Niki Lauda criticou a
postura de Ross Brawn.
Em
relação a RBR a situação foi mais complexa. Vettel na volta 28 quis prevalecer a
condição de preferido na equipe por ter conquistado o status de tricampeão pressionando a equipe na alegação de que Webber estava
lento. Já foi uma pisada de bola, em termos de ética e espírito esportivo. A equipe foi sensata e
apenas pediu para que ele tivesse paciência. Na parte final da corrida, a
equipe ordenou aos dois pilotos que configurassem o mapeamento de motor para um
regime mais baixo, com a finalidade de diminuir o ritmo e poupar o motor.
Webber obedeceu considerando que o segundo colocado da corrida era o piloto da casa. Mas o
piloto da casa deu uma de vilão, manteve a configuração de alto desempenho e ultrapassou
Webber ignorando a posição da equipe. Mais uma pisada de bola.
Mas
antes de crucificar Vettel neste episódio e até merece. Voltamos ao tal
do espírito esportivo. É correto pilotos agirem condicionados pela corporação? É um esporte, onde cada carro com cada
piloto está lutando por uma única vitória. Não é algo dividido! Cada equipe possui dois carros. Aliás podemos considerar que cada equipe possui duas equipes. Haverá sempre só um vencedor! A lição que fica? Que o papel da equipe deveria apenas de monitorar, passar todas
as informações ao piloto durante a corrida e o mais importante, deixar o PILOTO COM PODER DE DECIDIR. A impressão é que os pilotos não têm mais autonomia e são delimitados nas ações em pista! Nota-se em todas as situações desse GP e fatos que vem ocorrendo há um certo tempo na F-1. Se neste
domingo, Webber recebesse da equipe apenas a sugestão de diminuir o
ritmo para poupar equipamento, mas na eminência de Vettel se aproximar, Webber ser apenas informado da situação e dele o poder de decisão para manter o ritmo, talvez, o final dessa história teria sido diferente, pois Vettel seria observado por Webber como um concorrente a vitória na corrida e não o piloto da corporação.
Infelizmente, a equipe, quer controlar toda a situação na pista! Mas isso contradiz com o DNA daquele que coloca um capacete e tem sede para vencer. Por fim, a disputa na pista ficou em segundo plano e a briga entre Vettel, Webber com a corporação envolvida no meio, ganhou mais importância na mídia, como uma novela, onde o fato teve o mocinho e o bandido! E as páginas de notícias vão rolar nesse fato até o próximo GP.
Raio-X do pós-GP (mais suave):
Para
não passar batido no episódio, foi engraçada a cena inusitada de Hamilton entrando no pit
da Mclaren. Essa segunda-feira rendeu bons cartoons e até mensagens via Twitter da McLaren brincando
com a situação!
Raikkonen não foi tão bem como na Austrália terminando em sétimo lugar.
Por fim, Felipe Massa não fez um bom primeiro terço de corrida. Teve que batalhar
para recuperar posições e no fim das contas, conseguiu chegar em quinto lugar.
Só acho que Massa precisava aproveitar melhor essas corridas quando Alonso estiver fora da
disputa.
A próxima...
Fórmula
1 agora só na China, daqui a três semanas! Até lá, muita água vai rolar nos bastidores!
Vamos aguardar os desdobramentos! Até a próxima!
Esporte
na Rede na Fórmula 1 é análise esportiva de qualidade!
Estava ouvindo a corrida Paulo, e realmente muito engraçado o inglês parar nos boxes da Mclaren, esse fato foi inédito, já a Red Bull, é nítido a disputa entre os pilotos que competem na pista com "a faca nos dentes", mas diante dessa situação da última corrida quero ver o comportamento da escuderia na administração do bom convívio dos pilotos, me lembra o passado entre Senna e Prost.
ResponderExcluirE Alonso, em seu desespero de conquistar posições largou mal na largada, visto que ele sabe que é o preferido da Ferrari, mas concordo contigo, Massa poderia ter aproveitado mais com a ausência do espanhol na corrida.
Agora aguardar o GP da China, nesse país o Massa tem boas recordações.
Abraço
Arthur Dafs