Coluna Velocidade: Prova de fogo para Alonso e Vettel e a
vitória do Homem de Gelo.
Nada melhor que começar essa coluna com a frase de Juan
Manuel Fangio que inseri ao final da coluna anterior. Lembra? “Corridas são corridas”. Pois é essa corrida passou
longe do óbvio, foi imprevisível, tiveram ultrapassagens, reservou obstáculos
para quem caminhava sereno ultimamente, tiveram abusos de erros de pilotagens e
acidentes. Ufa! Vão faltar linhas para sintetizar todos os acontecimentos dessa
corrida. Algumas ocorrências certamente ficarão de fora dessa coluna. Mas o
mais importante é que essa etapa pode ter quebrado a conquista fácil do título
para Sebastian Vettel que já ousava por uma das mãos na taça.
Definitivamente, o GP de Abu Dhabi foi a mais movimentada
das últimas corridas e reservou uma boa surpresa com a vitória de Kimi
Raikkonen. O Homem de gelo retornou para a Fórmula 1 com muitas dúvidas e com a
responsabilidade de substituir o polonês Robert Kubica. Contratado pela Genii,
para guiar a lendária e a renascida Lotus. Após alguns GPs da temporada,
Raikkonen já abocanhava pódios e se credenciava para vitória a qualquer momento.
Não ocorreu na fase inicial dos sete vencedores diferentes e tão pouco na
metade do campeonato. Mais improvável ainda na fase atual em meio ao domínio da
RBR de Vettel. Mas a vitória chegou com
doses homeopáticas de sorte. A RBR complicou a vida de Vettel com a questão do
combustível no treino classificatório e na corrida o abandono de Lewis Hamilton
na volta 20. Mas o homem de gelo teve o mérito de na largada ultrapassar Pastor
Maldonado e o travado de largada Mark Webber para se posicionar na segunda
posição. Com Hamilton de fora foi só administrar até o final rumo a primeira
vitória no retorno à Fórmula 1. A última vitória tinha sido em 2009, pela
Ferrari no GP da Bélgica. Essa vitória também é muito importante para a Lotus
que havia vencido pela última vez na F-1 com Ayrton Senna em 1987 no GP dos
Estados Unidos, no circuito de rua de Detroit.
A corrida teve muitas disputas no pelotão intermediário. Tiveram
duas entradas de Safety Car, uma por conta do forte acidente de Nico Rosberg que
se chocou com a travada de velocidade HRT de Karthikeyan.
Nota do acidente: Sorte de ambos terem escapado ilesos, pois a decolagem de
Rosberg sobrevoando muito próximo da cabeça do piloto da HRT foi de muita sorte
não ter acontecido algo mais sério. O
outro acidente que obrigou a entrada do Safety Car foi mais suave e envolveu Sergio
Pérez, Paul Di Resta e Romain Grosjean. Na minha opinião, o infrator da vez foi
Sergio Pérez. Acidente de corrida que espalhou detritos na pista, por isso a necessidade
do Safety Car. Mark Webber, o travado da largada, teve uma tarde-noite péssima.
Além de não colaborar com seu companheiro de equipe Vettel para ajudá-lo no
campeonato tirando pontos de Alonso, se envolveu em toque com Maldonado numa
tentativa de ultrapassagem por fora na curva 8 e depois repetiu a dose nessa
mesma curva, com o brasileiro Felipe Massa. O pior foi retornar à pista e induzir
o brasileiro da Ferrari a rodar. Vettel
mostrou ao Mundo como se deve ultrapassar por fora nessa curva.
Agora, a análise dessa coluna foca os dois concorrentes ao
título. Conforme o sugestivo título dessa coluna, traduz que foi uma verdadeira
prova de fogo para Alonso e Vettel. Começando por Alonso, que tenta buscar uma solução no seu Ferrari para
superar o desempenho avassalador dos últimos tempos da RBR de Vettel. A Ferrari
fez um “upgrade” nas asas traseira e dianteira. No treino classificatório não
deu muito certo e Alonso marcou apenas o sétimo melhor tempo. Ou seja, uma
impressão de piora de desempenho em relação as etapas anteriores. Na corrida, a
pilotagem de Alonso superou as deficiências técnicas do carro e alcançou um
importante segundo lugar. Alonso teve garra para no final da primeira volta, superar
Mark Webber e na volta 22 ultrapassar Pastor Maldonado, que não rendia mais como no início da corrida.
Vettel, o mais que favorito, foi o que teve mais dor de cabeça
neste GP. Após marcar o terceiro melhor tempo no treino classificatório, a RBR
que calculou errado o nível de combustível, deixou Vettel à deriva na volta de
retorno aos pits. Resultado, como previsto em regulamento que determina uma
margem mínima de combustível no tanque, Vettel sofreu a severa punição de
largar da última posição. Por opção, no domingo, a RBR determinou para Vettel largar
dos boxes, para retirar o carro do parque fechado e promover modificações no
carro para a corrida. O que se viu na corrida, foi Vettel lutando diante de inúmeras
dificuldades. Na largada, toque e parte da asa dianteira quebrada, durante o
primeiro comboio do Safety Car, Ricciardo freou demais e Vettel bateu na placa
do DRS. Mudança de estratégia e uma segunda parada nos boxes para não terminar
a corrida sem pneu e lá atrás. Mas nem todas as situações foram ônus. Tiveram
lá alguns bônus também. Graças aos acidentes, alguns carros do pelotão
intermediário que dificultaria as ações de ultrapassagem para Vettel abandonaram.
Nesse aspecto a vida de Vettel ficou melhor. A segunda entrada do Safety Car
foi essencial para Vettel alcançar a
terceira posição, que em condições normais teria chegado em 6º ou no máximo em
5º lugar. Mas a recuperação de Vettel
teve um lance capital. A ultrapassagem sobre Jenson Button na famosa curva 8, restando
três voltas para o final. Webber precisa aprender com Vettel!
Essa corrida foi contraditória em vários aspectos. Em anos anteriores,
esse GP não foi tão movimentado como dessa vez. A interrupção do domínio de Vettel
o separando do Alonso por apenas 10
pontos. A vitória do homem de gelo o deixou em terceiro
lugar no campeonato mas não foi suficiente para mantê-lo na briga do campeonato.
A última contradição do dia foi que Kimi sorriu no pódio. Vamos continuar acreditando na frase “Corridas
são corridas” para que seja assim até a última etapa, aqui no Brasil. Mas só um
lembrete final, a próxima e penúltima etapa será no dia 18 nos Estados Unidos,
na nova pista de Austin.
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