terça-feira, 6 de novembro de 2012

Coluna Velocidade: Prova de fogo para Alonso e Vettel e a vitória do Homem de Gelo




Coluna Velocidade: Prova de fogo para Alonso e Vettel e a vitória do Homem de Gelo.

Nada melhor que começar essa coluna com a frase de Juan Manuel Fangio que inseri ao final da coluna anterior. Lembra?  “Corridas são corridas”. Pois é essa corrida passou longe do óbvio, foi imprevisível, tiveram ultrapassagens, reservou obstáculos para quem caminhava sereno ultimamente, tiveram abusos de erros de pilotagens e acidentes. Ufa! Vão faltar linhas para sintetizar todos os acontecimentos dessa corrida. Algumas ocorrências certamente ficarão de fora dessa coluna. Mas o mais importante é que essa etapa pode ter quebrado a conquista fácil do título para Sebastian Vettel que já ousava por uma das mãos na taça.

Definitivamente, o GP de Abu Dhabi foi a mais movimentada das últimas corridas e reservou uma boa surpresa com a vitória de Kimi Raikkonen. O Homem de gelo retornou para a Fórmula 1 com muitas dúvidas e com a responsabilidade de substituir o polonês Robert Kubica. Contratado pela Genii, para guiar a lendária e a renascida Lotus. Após alguns GPs da temporada, Raikkonen já abocanhava pódios e se credenciava para vitória a qualquer momento. Não ocorreu na fase inicial dos sete vencedores diferentes e tão pouco na metade do campeonato. Mais improvável ainda na fase atual em meio ao domínio da RBR de Vettel.  Mas a vitória chegou com doses homeopáticas de sorte. A RBR complicou a vida de Vettel com a questão do combustível no treino classificatório e na corrida o abandono de Lewis Hamilton na volta 20. Mas o homem de gelo teve o mérito de na largada ultrapassar Pastor Maldonado e o travado de largada Mark Webber para se posicionar na segunda posição. Com Hamilton de fora foi só administrar até o final rumo a primeira vitória no retorno à Fórmula 1. A última vitória tinha sido em 2009, pela Ferrari no GP da Bélgica. Essa vitória também é muito importante para a Lotus que havia vencido pela última vez na F-1 com Ayrton Senna em 1987 no GP dos Estados Unidos, no circuito de rua de Detroit.

A corrida teve muitas disputas no pelotão intermediário. Tiveram duas entradas de Safety Car, uma por conta do forte acidente de Nico Rosberg que se chocou com a travada de velocidade HRT de Karthikeyan. Nota do acidente: Sorte de ambos terem escapado ilesos, pois a decolagem de Rosberg sobrevoando muito próximo da cabeça do piloto da HRT foi de muita sorte não ter acontecido algo mais sério.  O outro acidente que obrigou a entrada do Safety Car foi mais suave e envolveu Sergio Pérez, Paul Di Resta e Romain Grosjean. Na minha opinião, o infrator da vez foi Sergio Pérez. Acidente de corrida que espalhou detritos na pista, por isso a necessidade do Safety Car. Mark Webber, o travado da largada, teve uma tarde-noite péssima. Além de não colaborar com seu companheiro de equipe Vettel para ajudá-lo no campeonato tirando pontos de Alonso, se envolveu em toque com Maldonado numa tentativa de ultrapassagem por fora na curva 8 e depois repetiu a dose nessa mesma curva, com o brasileiro Felipe Massa. O pior foi retornar à pista e induzir o brasileiro da Ferrari a rodar.  Vettel mostrou ao Mundo como se deve ultrapassar por fora nessa curva.

Agora, a análise dessa coluna foca os dois concorrentes ao título. Conforme o sugestivo título dessa coluna, traduz que foi uma verdadeira prova de fogo para Alonso e Vettel. Começando por Alonso,  que tenta buscar uma solução no seu Ferrari para superar o desempenho avassalador dos últimos tempos da RBR de Vettel. A Ferrari fez um “upgrade” nas asas traseira e dianteira. No treino classificatório não deu muito certo e Alonso marcou apenas o sétimo melhor tempo. Ou seja, uma impressão de piora de desempenho em relação as etapas anteriores. Na corrida, a pilotagem de Alonso superou as deficiências técnicas do carro e alcançou um importante segundo lugar. Alonso teve garra para no final da primeira volta, superar Mark Webber e na volta 22 ultrapassar Pastor Maldonado, que não rendia mais como no início da corrida.

Vettel, o mais que favorito, foi o que teve mais dor de cabeça neste GP. Após marcar o terceiro melhor tempo no treino classificatório, a RBR que calculou errado o nível de combustível, deixou Vettel à deriva na volta de retorno aos pits. Resultado, como previsto em regulamento que determina uma margem mínima de combustível no tanque, Vettel sofreu a severa punição de largar da última posição. Por opção, no domingo, a RBR determinou para Vettel largar dos boxes, para retirar o carro do parque fechado e promover modificações no carro para a corrida. O que se viu na corrida, foi Vettel lutando diante de inúmeras dificuldades. Na largada, toque e parte da asa dianteira quebrada, durante o primeiro comboio do Safety Car, Ricciardo freou demais e Vettel bateu na placa do DRS. Mudança de estratégia e uma segunda parada nos boxes para não terminar a corrida sem pneu e lá atrás. Mas nem todas as situações foram ônus. Tiveram lá alguns bônus também. Graças aos acidentes, alguns carros do pelotão intermediário que dificultaria as ações de ultrapassagem para Vettel abandonaram. Nesse aspecto a vida de Vettel ficou melhor. A segunda entrada do Safety Car foi essencial para Vettel  alcançar a terceira posição, que em condições normais teria chegado em 6º ou no máximo em 5º lugar.  Mas a recuperação de Vettel teve um lance capital. A ultrapassagem sobre Jenson Button na famosa curva 8, restando três voltas para o final. Webber precisa aprender com Vettel!

Essa corrida foi contraditória em vários aspectos. Em anos anteriores, esse GP não foi tão movimentado como dessa vez. A interrupção do domínio de Vettel  o separando do Alonso por apenas 10 pontos. A vitória do homem de gelo o deixou em terceiro lugar no campeonato mas não foi suficiente para mantê-lo na briga do campeonato. A última contradição do dia foi que Kimi sorriu no pódio.  Vamos continuar acreditando na frase “Corridas são corridas” para que seja assim até a última etapa, aqui no Brasil. Mas só um lembrete final, a próxima e penúltima etapa será no dia 18 nos Estados Unidos, na nova pista de Austin.

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