Coluna Velocidade: Razia brilha na GP2

Coluna Velocidade: Razia brilha na GP2

Desde as minhas primeiras participações no Esporte na Rede, tenho mencionado o nome do Luiz Razia, devido a sensacional temporada na GP2, principal porta de acesso à Fórmula 1. Atualmente, líder do campeonato e com quatro vitórias,  Luiz Razia poderá ser o primeiro brasileiro a conquistar a GP2.

Nas duas últimas etapas, Razia chamou a atenção do mundo do automobilismo por ter sido protagonista de grandes lances de pilotagem. Em Valência, a vitória foi conquistada nas últimas duas voltas. Razia simplesmente abriu a penúltima volta na quinta posição. Ele passou dois concorrentes e abriu a última volta na terceira colocação. Depois, ele saltou para o primeiro lugar em uma manobra de ultrapassagem espetacular, passando de uma vez os dois concorrentes que estavam à frente dele, isso há poucos metros da bandeirada final.  Em Silverstone, berço do automobilismo europeu, novamente na corrida do domingo, Razia deu show, mas dessa vez, nas duas primeiras voltas quando ele largou da quarta colocação e assumiu a primeira posição para conquistar a quarta vitória da temporada. Arrojo, calculista, perícia e puro talento, Razia protagonizou lances que traduzem a verdadeira essência do automobilismo. Prova de que ele é um craque no volante.

No que se refere aos monopostos, mesmo em uma fase de vacas magras no automobilismo brasileiro, Luiz Razia vem conseguindo dar um toque de brilho na obscuridade que assolou os últimos anos o nosso automobilismo. Até na Fórmula 1, o Brasil foi contaminado pela má fase.  Felipe Massa parece não encontrar mais o caminho das vitórias como em 2008, quando quase conquistou o título mundial. Ainda de lá para cá, passaram Nelsinho Piquet que teve uma passagem negativa na Renault e era o envolvido direto no escândalo de Cingapura, Lucas di Grassi que se transformou em piloto oficial de testes da Pirelli e sem oportunidade sólida em uma equipe da Fórmula 1 e Bruno Senna que com nome e esforço, ainda tenta se firmar na categoria máxima do automobilismo. E ainda, o desfecho de Rubens Barrichello, que deixou a F-1 e não conseguiu aproveitar o que talvez tenha sido a grande oportunidade de título, na Brawn em 2009.

A formação de pilotos no automobilismo brasileiro está devendo há tempos. As categorias escolas, como Fórmula Renault Brasil ou Fórmula Chevrolet desapareceram. A fórmula 3 Sulamericana junta os restos mortais do que sobrou da principal categoria da América do Sul, que revelou diversos pilotos brasileiros. Não há incentivo e nem perspectiva de melhoras. Podíamos estar comemorando esses resultados do Razia mais tranquilamente. Se não fosse o esforço individual dele e os que se aventuram mundo afora, o automobilismo brasileiro, de tantas tradições teria morrido. Alguém consegue imaginar a Fórmula 1 sem um piloto brasileiro?

O perseverante Luiz Razia consegue um grande feito, mesmo em situação tão desfavorável. Restam cinco etapas para o término da GP2 e o título seria muito importante para a carreira dele e para o Brasil. Ainda tem o Felipe Nasr que também compete na GP2, mas ainda está se adaptando em um primeiro ano de aprendizado. Entretanto Nasr conquistou o título da Fórmula 3 Inglesa no ano passado, fato que o credencia para bons resultados na GP2, em breve. Ainda há esperança para os próximos anos de que a Fórmula 1 será muito bem representada por esses bravos pilotos brasileiros.