Caro leitor do blog Esporte na
Rede. O título desta coluna tem um toque de ironia entre duas realidades diferentes:
A realidade do país de origem do piloto Pastor Maldonado e a nova realidade da Fórmula
1 em 2012.
Não sou a pessoa mais indicada
para discutir política. A imagem do presidente Hugo Chavez mundo afora é de “ditador
moderno”, apesar do sistema de governo presidencialismo
e se vive em democracia na Venezuela. Parece que por lá, teoria e prática não
combinam, se divergem.
Mas como o assunto não é política!
Pastor Maldonado conquistou a primeira vitória para sua nação em um momento que
pode se considerar uma Fórmula 1 mais democrática. É simples explicar! Para um
campeonato com cinco etapas realizadas, cinco pilotos de equipes diferentes venceram.
Fazia tempo que isso não acontecia. A última vez foi em 83. Considerado por
muitos, um dos melhores momentos da categoria, por que muitos pilotos e carros podiam
ganhar as corridas.
Em 2012, além dos cinco
diferentes vitoriosos, Jenson Button, Fernando Alonso, Nico Rosberg, Sebastian
Vettel e agora Pastor Maldonado, alguns outros tiveram bons lances de destaque nas
corridas. Destacaram-se Sérgio Perez na Malásia, Romain Grosjean no Bahrein e
Kimi Raikkonen no Bahrein e Espanha. Sem
considerar os que ainda não tiveram bons lances, Hamilton, Webber e Schumacher,
que podem vencer. Quanto equilíbrio e
disputas em cada corrida? Que show de democracia!
O grande responsável dessa
situação é o pneu, sobretudo a fornecedora Pirelli. O desempenho do pneu ficou em
segundo plano. A meta é promover esse novo tipo de espetáculo. Para carros e
pilotos, o desafio é reunir estratégia e desempenho. A Pirelli e a FIA estão de
parabéns. Todas as etapas foram emocionantes, com muitas ultrapassagens. Até o
GP da Espanha, historicamente monótona, teve grandes lances neste domingo.
Cabe aqui uma reflexão muito
importante neste momento. Foram raros os momentos que a Fórmula 1 permitia que tantos
pilotos pudessem vencer em cada temporada. Nos últimos anos, no máximo quatro ou
cinco pilotos conseguiam condições técnicas para vitória. Esse cenário em 2012
foi amplificado.
Sempre foi muito difícil o
processo de carreira de um piloto. São diversas categorias até chegar à F-1. O
funil para categoria máxima é muito apertado. Quando o piloto finalmente chega
lá, tem que se fixar em uma equipe certa na hora certa. Muitos chegaram
credenciados, com inúmeros títulos nas categorias inferiores, mas poucos, se consolidaram
vencedores na Fórmula 1.
Na esfera da competitividade
esportiva, a Fórmula 1 estava precisando de algo diferente. Uma guinada que
gerasse mais audiências e mais visibilidade para cada equipe. Equilibrar o “grid”
para provocar oportunidade e reconhecimento para aqueles que venceram a longa
jornada até a categoria top e gerar sobrevida nos negócios para as equipes. A
receita do pneu foi um acerto em cheio.
Voltando ao vencedor deste
domingo, Pastor Maldonado teve apoio das petrolíferas venezuelanas e do presidente
Hugo Chavez ao longo de toda a carreira. Pastor Maldonado é um piloto muito talentoso.
Venceu a GP2 em 2010, chegou à Fórmula 1 credenciado como muitos e conquistou a
primeira vitória, segurando com muita maturidade Alonso, que também estava em
um dia inspirado em Barcelona.
A Williams volta vencer, após péssimo
desempenho em 2011 e jejum de vitórias desde 2004. Frank passou por um final de semana muito
intenso e cheio de emoções. Comemoração dos 70 anos de idade, pole, vitória na
corrida e um tremendo susto com o incêndio nos boxes, logo após a solenidade do
pódio. Quanta coisa para um final de semana, tio Frank?
ADENDO 1: O acidente entre Schumacher
e Bruno Senna pareceu um acidente de corrida. Fica nítido que Schumacher está
impaciente com a situação de não conseguir terminar as corridas.
ADENDO 2: Hamilton foi punido de
maneira justa no treino classificatório. Agora, as equipes vão redobrar o cuidado
para não deixar os carros na “banguela”. E para Mclaren, talvez, não teria sido
necessário deixar o combustível tão baixo no bólido de Hamilton. A pole parecia certa pelo desempenho de Hamilton nos treinos. A equipe detonou com a
corrida do inglês, que com a punição foi
para o último lugar. A Mclaren está irreconhecível e se complicado cada vez
mais nas estratégias desastrosas.
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